O rei Euristeu já estava cansado de ouvir elogios a seu perseguido. Resolveu pegar pesado: manda Heracles trazer vivo o touro louco que assombra a ilha de Creta.
Heracles tem verdadeiro pavor da loucura - tentava expiar a dor das coisas que fizera quando acometido por ela. Além disso, passa muito mal quando navega. Enjôos herácleos!
Creta é uma ilha muito rica, governada por Minos - filho de Zeus e Europa, uma princesa fenícia. Vale lembrar que para conquistar Europa, Zeus se metamorfoseou em um belo touro branco que surgiu na praia onde a moça colhia flores, ajoelhou-se à sua frente, irresistível. Europa subiu em seu lombo e foi levada para Creta onde Zeus se revelou e tornou-se seu amante. Minos é fruto desse romance.
Há em Creta um grande altar para Poseidon, o deus dos mares. Certa vez, sai das águas do oceano um lindo touro branco, enviado por Poseidon para Minos sacrificar em sua honra. Encantado com a beleza do animal, Minos o leva para seu rebanho e sacrifica seu melhor touro no lugar.
Poseidon, enfurecido com a fraude, faz com que Pasifae, esposa de Minos, se apaixone pelo animal. Queimando de paixão, Pasifae pede ajuda a Dedalo, um magnífico arquiteto ateniense que está refugiado em Creta. Esse constrói uma vaca oca, onde ela se esconde e pode consumir seu ato amoroso. Logo a seguir, Pasifae cai em si e o touro enlouquece. Pasifae dá à luz ao Minotauro e é renegada pelo marido para sempre.
Lá vai Heracles a Creta, onde inventa o laço, aprende a segurar o touro pelo chifre, até a exaustão do animal, vê seu trabalho perdido quando um ratinho mandado por Hera rói a corda que prende o touro durante a noite. Faz tudo de novo, dessa vez passando erva de rato na corda. Consegue prender o animal, mas não consegue tripulação para o barco de volta. Se joga ao mar e nada os 100 km que separam a ilha do continente trazendo o touro a reboque.
Chega a Micenas sob aplausos da população, amarra o bicho num esteio na praça do mercado e se apresenta ao rei. Euristeu furioso, manda Heracles liquidar os cavalos antropófagos de Diomedes. Assim que o herói sai do palácio, o rei manda um de seus soldados soltar o touro de Creta. De novo, foi um deus nos acuda, muita morte e confusão, até que o touro saísse da cidade.
