Por Patrícia Mattar Oliva
“... vou beijar-te agora, não me leve a mal, hoje é
carnaval.”
Máscara negra – Zé Keti e Pereira Mattos
Carnaval é uma festa ancestral de agradecimento à
fertilidade da Terra, onde os prazeres da carne são buscados e comemorados sem
restrição.
No Brasil, apesar de termos perdido o sentido do
agradecimento, mantemos a forma da comemoração: no auge da massificação (os
prazeres da carne são ancestrais, com pequenas variações de gosto), vemos
multidões dançando na mesma onda, inebriada dos outros e embriagada de si.
Barco à deriva, sair do próprio corpo e entrar no corpo da multidão é
experiência de quem se entrega à folia.
Um dos grandes prazeres humanos é estar em grupo, sonhar
junto com muitos.
Enquanto a multidão se distrai com a própria imaginação,
chefes armam-se para atingir objetivos, muitas vezes com interesses particulares.
O desafio é buscar a universalidade, a essência do sonho,
pertencer e ser. A chave: mudar de posição, atravessar o mar - discernir sonho
de ilusão.
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