12º Trabalho: A Captura de Cérbero / Epílogo



A catábase ou descida é a etapa final da iniciação do herói. Orfeu e Teseu, assim como Hércules, vivem suas catábases, cada qual ao seu modo.

A catábase nada mais é do que a morte (simbólica ou literal) pela qual o herói deve necessariamente passar, a assunção de sua condição mortal, antes de receber a glória da imortalidade.

É no mundo inferior ou Hades que se dá a catábase. O Hades recebe o mesmo nome de seu governante, Plutão, o Rico, como este era eufemisticamente chamado pelo povão, que morria de medo dele. Hades quer dizer Invisível e o reino das sombras lhe coubera na partilha que os olímpicos fizeram, após vencerem as guerras contra os crônidas e os gigantes. Em desvantagem para encontrar uma esposa, já que nenhuma deusa queria se casar com ele e ir viver no submundo, ele demandou de Zeus apoio para raptar Coré, a filha deste com a irmã de ambos, Deméter, a deusa da natureza cultivada. Casada com Hades, Coré passou a se chamar Perséfone e se tornou a senhora do reino dos mortos.

O mundo inferior tinha varias entradas, geralmente localizadas em grutas, cavernas e crateras de vulcões. Hércules escolheu uma das entradas e desceu até chegar à margem do rio Estige, o rio infernal que servia de fronteira entre o reino dos vivos e o das sombras. Quem fazia a travessia das almas era Caronte, o barqueiro sombrio, que cuidava que nenhum vivo atravessasse esse limiar. Se isso acontecesse, Cérbero, o mastim infernal, cuidaria de devorar o invasor do lado de lá e de introduzi-lo, como sombra, no Hades. Caronte exigia das almas um óbolo como pagamento pela travessia, o que fazia com que os parentes metessem uma moeda na boca do defunto, para pagar a travessia. Hércules deveria não somente descer aos infernos, como também trazer de lá o mastim Cérbero e levá-lo até Euristeu, em Micenas. Caronte, porém, se recusou a fazer a travessia do herói, que o agarrou e colocou a espada em seu pescoço, obrigando-o a levá-lo para a outra margem. Lá Cérbero o esperava: um enorme mastim negro, com 3 cabeças, rabo de dragão e um torso eriçado de serpentes. Ao ver o vulto alentado do herói, Cerbero saiu ganindo e correu a se esconder debaixo do trono de seu dono, que se surpreendeu imensamente com essa reação. A senhora do mundo inferior levantou-se para receber o herói. O casal infernal era, em geral, bastante civilizado. Afinal ela e ele eram ambos filhos de Zeus, meio-irmãos. Hércules e Hades negociaram a subida de Cérbero e Hades concordou em emprestá-lo a Hércules, desde que ele não usasse de violência para enfocinheirá-lo e o devolvesse íntegro. Hércules aceitou as condições e capturou um Cérbero bastante apavorado com alguma facilidade. Colocou-lhe uma tripla focinheira que levara consigo, adaptada numa trilha coleira com guia. Simples assim.

Quando começou a sair, viu se primo Teseu sentado diante de uma mesa, ao lado de seu amigo, o rei Piríto. Ambos, cinqüentões metidos a playboys, eram prisioneiros de Hades. Num dia de muito tédio, haviam planejado ir ao Hades e raptar Helena de Tróia para Teseu e Perséfone para Piríto. Mal chegaram, porém, Hades desconfiara deles e os convidara a sentar-se a uma mesa para partilhar com ele uma refeição como seus convidados. Ao término do banquete, os dois não conseguiam desgrudar as bundas das cadeiras. E lá estavam até agora, grudados nos assentos. Hércules negociou sua libertação, mas Hades concordou em liberar apenas Teseu, já que o pecado de Piríto era imperdoável. Assim Hércules e Teseu rumaram juntos para a superfície. Com Cérbero na coleira, Hércules rumou para Micenas. No palácio de Euristeu, soltou o monstro só um pouquinho, conseguindo gerau um furdúncio razoável e o último e melhor chilique por parte de Euristeu. Provocado pelo rei, que lhe ofereceu uma ínfima porção de um sacrifício dedicado a Hera, Hércules ofendeu-se e acabou por matar os 3 filhos do rei. Como se pode ver, não aprendeu nadica de nada. Por fim, encerrada a tarefa, recolheu o mastim e retornou para devolvê-lo a Hades.

Mas sua catábase não parou aí. Até então, o nome do herói era Alcides, o nome que recebera de Alcmena e Anfitrião. Tendo cumprido os trabalhos, seu nome mudou para Héracles, a Glória de Hera, o herói a serviço da deusa, que o contém, restringe e educa, para que a testosterona sirva ao estrógeno, o hormônio da vida, e não simplesmente a si mesmo, agredindo por agredir e destruindo por destruir.


De volta a Tebas, Hércules meteu-se numa competição de arco e flecha com o rei Êurito e seus filhos. Hércules venceu, mas Êurito recusou-se a aceitar a vitoria do herói e Autólito, seu filho, ainda o acusou de ter roubado bois do rebanho de seu pai. Ífito, outro filho do rei, tentou intermediar a contenda, mas foi acidentalmente morto pelo herói. Esse crime condenou Hércules a cumprir um 13º trabalho: servir como escravo na corte da rainha Ônfale (Umbigo), da Lydia por 8 anos humanos.


Lá ele se tornou amante de Ônfale, que o obrigava a se vestir de mulher e a fiar com ela e suas escravas. O herói exercitou-se um pouco na polaridade oposta, passiva-receptiva e parece que refluiu um pouco de tanta violência. Terminada a escravidão na corte de Ônfale, Hércules desempenhou a tarefa para a qual fora concebido: ajudar os olímpicos a vencerem os gigantes (a Gigantomaquia), isso porque os deuses não podiam matar gigantes, seus parentes, somente feri-los. Hércules eliminou os últimos representantes da estirpe dos filhos de Gaia, também eles seus parentes. No reino de Êurito, Hércules deixara seu prêmio: a princesa Iole. Ele voltou para buscá-la. Era então casado com Djanira (a devoradora de heróis), que morria de ciúmes dele. Djanira guardava consigo um túnica de seu marido, que o centauro Nesso, flechado por Hércules, havia dado a ela, garantindo-lhe que, se seu marido se apaixonasse por outra mulher, a túnica o traria de volta, porque fora impregnada com um filtro de amor. Quando Hércules vai buscar Iole, decide fazer uma oferenda a seu pai e envia seu servo, Licas, para buscar uma túnica digna com Djanira. Licas chega fofocando sobre Iole e Djanira envia a túnica, que na verdade está impregnada de veneno. Hércules a veste para realizar o sacrifício a Zeus, mas, na verdade, ele é a verdadeira vítima. A túnica gruda em sua pele e a queima. Tentando arrancá-la, ele arranca pedaços do próprio corpo. Ao final, deita-se na pira do sacrifício e ordena que a acendam. Zeus se condói do sofrimento do filho e o arrebata ao Olimpo com um raio, onde finalmente Hércules iguala-se aos deuses. Djanira enforca-se. Iole é dada de presente por Hércules a seu sobrinho Iolau. Seu amigo Filoctetes recebe como herança suas armas. Hera reconcilia-se com o herói.

Lua Nova dia 04/03 às 17h47 em Sampa



Por Patrícia Mattar Oliva



Sol, Lua, Mercúrio, Marte e Urano em Peixes.

É carnaval!

Diluir a persona em personagens, encantamento, magia, sonho de integração realizado em bloco, escola de samba, atrás do trio elétrico: catarse coletiva.

Imersão nas profundezas do ser e na delicadeza de estar: bem estar vai de cada um no mar de gente.

O desafio é reconhecer-se no todo; a chave, reconciliar-se com a idéia de que a vida se alimenta de vida.

Lua Cheia dia 18/02 às 6h36, horário de verão, em Sampa.



Por Patrícia Mattar Oliva


"...no Egito e Tunísia o novo foi uma vitória sem líderes" ...
    Jabor, estadão 15/02

Sol, Mecúrio, Marte e Netuno embolados em Aquário, opostos a Lua em Leão; Vênus em Capricórnio em quadratura com Saturno em Libra.

Fala-se muito em inclusão social como meta para uma sociedade mais justa. Condomínios fechados por muros altíssimos, todos os portais repletos de câmeras, leitores magnéticos, fotos, intimidação, são chamados de paraíso.

Faz-se muito pouco pelo respeito social.

O que vemos é massificação, perda de identidade cultural, robotização das pessoas, manipulação do senso comum: terreno fértil para segregação e autoritarismo escondidos atrás do seguro, saudável e “politicamente correto”.

E a Lua nos pergunta: onde a vontade pessoal é acima da vontade coletiva? ou: qual a diferença entre autoridade e autoritarismo?

Lua Jã - Aquário (11º Trabalho de Hércules)



Sexta-feira 18 de fevereiro as 20h30
mais um encontro na Lua Cheia





a proposta do ano astrológico é percorrer os signos zodiacais através dos trabalhos de hércules.


nesse encontro, o sol em aquário nos remete ao sentido de pertencer a um grupo, ao reconhecimento das necessidades coletivas. a lua em leão aponta para a vontade pessoal, ao talento e necessidade de reconhecimento individual.

Hércules, em seu décimo primeiro trabalho, deve roubar um pomo de ouro do jardim das hesperides e levá-lo ao rei Euristeu. 



importante a pontualidade!




contribuição espontânea sugerida $10. se você gostou e pode dar mais, fique à vontade! se gostou e só pode dar menos, fique à vontade também!


O décimo primeiro trabalho: O Pomo das Hesperides.



As Hesperides são filhas do gigante Atlas e a ninfa Hesperis, e guardiãs de um jardim que é uma maravilha. Sua árvore de pomos de ouro, dote de Hera por ocasião de seu casamento com Zeus, vive tentando homens e deuses. Por causa disso, as hesperides são ajudadas na sentinela do jardim por um dragão de cem cabeças, que não tiram os olhos da preciosidade. E o endereço do jardim é um dos grandes mistérios da Grécia Heróica!

Héracles perambula por vários caminhos à procura do jardim e acaba entrando numa zona perigosa, dominada por Cicno – filho do deus Ares. Os dois se enfrentam e o herói mata o adversário. Nesse momento o próprio Ares desce do Olimpo para lutar com Heracles que, com a ajuda de Palas, consegue ferir o deus da guerra, que retorna ao Olimpo para se tratar.

Em outra ocasião, estando perto do Monte Caucaso, o herói resolve soltar Prometeu do seu castigo por ter roubado o fogo dos deuses e entregado aos homens. Mata o abutre que come o fígado do titã, e o liberta das correntes.

Às margens do rio Eridiano (o rio Po), moram algumas ninfas, filhas de Zeus com Temis que informaram o herói que o único que sabe onde fica o jardim é Nereu, o velho deus aposentado do mar. Heracles vai até o palácio do velho, e consegue arrancar dele o segredo! O jardim fica perto do Tingis.

Ao se dirigir para o local indicado, Heracles encontra outro titã: Atlas carregando a abóboda celeste nos ombros. Estava perto do jardim. Conversa com o pai das hespérides e o titã se dispõe a ir buscar o pomo, desde que o herói o substituísse na função de carregar o mundo pelo tempo em que se ausentasse. Assim foi feito, Heracles fica no lugar de Atlas que vai ao jardim, pega alguns dos tão famosos pomos e volta para provocar o herói: peguei os pomos de que você precisa, mas... você acha mesmo que vou carregar esse peso todo de novo? Héracles, então pede para que ele segure só um pouco para se ajeitar melhor, troca de posto com o titã e é a sua vez de caçoar do gigante. Pega um pomo e volta a Micenas!

Euristeu dedica o fruto à deusa Hera! Mais um trabalho cumprido!

Sobre Signos e Constelações





Não li as matérias sobre o obsoletismo da Astrologia, mas li os comentários do Veríssimo e do Piza, sempre gosto, sou fã deles! Todas as reportagens começavam por: movimentos estelares mudam a posição dos signos - uma grande asneira se a gente conhece a definição de signo. É impossível mudar a posição dos signos, por mais que o eixo da terra enlouqueça. Eles são definidos pela posição relativa entre a terra e o sol. 
 
É como falar que movimentos estelares mudam o Meridiano de Greenwich. Explico melhor: signo e constelação são conceitos diferentes!
 
Os signos são 12 divisões iguais, imaginárias, da faixa da eclípica do sol (movimento aparente do sol em torno da terra), com origem no equinócio de primavera do hemisfério norte - ponto onde essa ecliptica corta o plano definido pelo equador terrestre, no instante em que o sol passa do sul para o norte. Esse é o zero grau de Áries. A partir daí, seguindo a ecliptica, 30 graus para cada signo, naquela ordem que todos conhecemos. É uma divisão imaginária, um conceito estritamente ligado ao mundo sub-lunar, como dizem os antigos.
 
Constelações zodiacais são ajuntamentos de estrelas no fundo celeste do “caminho do sol” no céu – as constelações que somem atrás do sol no seu movimento aparente. Para além do sub lunar, logo se vê.
 
O mais interessante é observar que os mesmos que definiram os signos nominaram as constelações, estudaram os movimentos da terra, deram origem à nossa era espacial. Esses caras deram o mesmo nome para constelações zodiacais e signos, mas dividiram o fundo do céu zodiacal em 13 constelações e a faixa da ecliptica em 12 signos, e o tamanho das constelações é completamente variável enquanto o dos signos é igual. 

O equinócio da primavera do hemisfério norte, o zero Áries, muda com relação às constelações da faixa zodiacal, o fundo celeste do “caminho do sol”, com período de rotação de aproximadamente 26 000 anos terrestres. Esse movimento se chama precessão dos equinócios e foi descoberto pelo grego Hiparco, no século II ac. Não sei por que esse barulho todo agora, com crédito para astrônomo e tal.
 
No simbolismo astrológico, os signos do zodíaco representam uma descrição humana de qualquer processo criativo, dentre tantas outras que existem. Estão ligados à mitologia greco-romana ou vice versa... vai saber; ligados ao psicologismo humano como qualquer teoria cosmogônica que se observe, por mais científica que seja a observação.
 
Na minha opinião, é mais interessante discutir a definição de signo como um modo do humano, do sublunar, entender o universo. E a questão que se coloca é: já tendo visitado o lado oculto da lua, com os novos olhos que temos, a nova consciência, toda a ciência e tecnologia, ainda cabemos nessa descrição do psicologismo humano? Se sim, se não, o que isso quer dizer? Mas não é o que estamos vendo, infelizmente.
 
 
Patrícia Mattar Oliva, engenheira astrófila.

Lua Nova dia 02/02 às 23h32 em Sampa



Por Patrícia Mattar Oliva


Lua, Sol e Marte conjuntos em Aquário, onde também está Netuno. A postura individual segundo a necessidade coletiva. Por isso, um manifesto pessoal a respeito da recente discussão sobre Astronomia, Astrologia e mídia a serviço da desinformação.

Sobre Signos e Constelações.

Não li as matérias sobre o obsoletismo da Astrologia, mas li os comentários do Veríssimo e do Piza - sempre gosto, sou fã deles! Todas as reportagens começavam por: movimentos estelares mudam a posição dos signos - uma grande asneira se a gente conhece a definição de signo. É impossível mudar a posição dos signos, por mais que o eixo da terra enlouqueça. Eles são definidos pela posição relativa entre a terra e o sol.

É como falar que movimentos estelares mudam o Meridiano de Greenwich. Explico melhor: signo e constelação são conceitos diferentes!

Os signos são 12 divisões iguais, imaginárias, da eclípica do sol (movimento aparente do sol em torno da terra), com origem no equinócio de primavera do hemisfério norte - ponto onde essa ecliptica corta o plano definido pelo equador terrestre, no instante em que o sol passa do sul para o norte. Esse é o zero grau de Áries. A partir daí, seguindo a ecliptica, 30 graus para cada signo, naquela ordem que todos conhecemos. É uma divisão imaginária, um conceito estritamente ligado ao mundo sub-lunar, como dizem os antigos.

Constelações zodiacais são ajuntamentos de estrelas no fundo celeste do “caminho do sol” no céu – as constelações que somem atrás do sol no seu movimento aparente. Para além do sub lunar, logo se vê.

O mais interessante é observar que os mesmos que definiram os signos nominaram as constelações; estudaram os movimentos da terra, deram origem à nossa era espacial. Esses caras deram o mesmo nome para constelações zodiacais e signos, mas dividiram a faixa zodiacal em 13 constelações, a ecliptica em 12 signos e o tamanho das constelações é completamente variável enquanto o tamanho dos signos é igual.

O equinócio da primavera do hemisfério norte, o zero Áries, muda com relação às constelações da faixa zodiacal, o fundo celeste do “caminho do sol”, com período de rotação de aproximadamente 26 mil anos terrestres. Esse movimento se chama precessão dos equinócios e foi descoberto pelo grego Hiparco, no século II ac. Não sei por que esse barulho todo agora, com crédito para astrônomo e tal.

No simbolismo astrológico, os signos do zodíaco representam uma descrição humana de qualquer processo criativo, dentre tantas outras que existem. Estão ligados à mitologia greco-romana ou vice versa... vai saber; ligados ao psicologismo humano como qualquer teoria cosmogônica que se observe, por mais científica que seja a observação.

Na minha opinião, é mais interessante discutir a definição de signo como um modo do humano, do sublunar, entender o universo. E a questão que se coloca é: já tendo visitado o lado oculto da lua, com os novos olhos que temos, a nova consciência, toda a ciência e tecnologia, ainda cabemos nessa descrição do psicologismo humano? Se sim, se não, o que isso quer dizer? Mas não é o que estamos vendo. Infelizmente.


Patrícia Mattar Oliva, engenheira astrófila.